Ao longo de meus últimos trabalhos de implantação de BIM e também nas trocas de experiências com colegas tenho observado com preocupação que cada vez mais há propostas de documentos e especificações sobre o processo de projeto BIM. Em uma primeira vista isto é ótimo, sempre defendemos que há necessidade de normas, em particular para processos novos, onde as boas práticas ainda não foram consolidadas.
Porém, sinto que estamos indo na direção de um novo sentido para o significado de BIM, agora virando “Burocracia da Informação no Modelo, o que pode comprometer os esforços de implantação do BIM verdadeiro e benéfico.
Um breve levantamento em algumas bibliografias me indicou que seriam necessários ao projeto BIM os seguintes documentos:
Plano de Execução BIM
Planilha de mapeamento dos objetos paramétricos e/ou de parâmetros
Manual de nomenclatura (de objetos, de famílias, de compartimentos, de materiais, de propriedades etc.)
Manual de estilos e apresentação
Manual de gerenciamento de arquivos
Manual de objetos paramétricos e/ou de parâmetros
Manual de compatibilidade de projetos
Manual de Elaboração dos Modelos Federados
Manual de processo de projeto
Matriz de responsabilidades
Matriz de entregáveis
Task Informatiom Delivery Plan
Master information delivery plan
COBie (33 planilhas, cada uma com até 20 abas)
Organizational information requirements (OIR)
Asset information requirements (AIR)
Project information requirements (PIR)
Introduction to exchange information requirements (EIR)
Imaginem fazer isso tudo para um projeto de uma residência...Qual seria o custo e o prazo do serviço?
Claro que podem dizer que muitos desses devem ser são aninhados ou agrupados e que existem os indispensáveis, até por exigência da ISO 19650, mas a questão é sabermos definir quais são essenciais e o que é o seu conteúdo adequado. Do contrário vamos nos perder na elaboração e deixar de lado o nosso objetivo principal, entregar uma solução para uma necessidade/demanda.
O essencial é a concepção, e verificarmos se ela realmente cumpre sua função. Mas temos visto manuais em que se prioriza a verificação de conflitos e se esquece da verificação da qualidade da proposta...
Desta forma iremos de um limite, onde não havia preocupação com requisitos de projeto, para outro extremo onde nos afogaremos em especificações de como fazer, mas sem saber o que fazer realmente!
A correta especificação do que desejamos, o que deve ser entregue por quem e quando não necessita de um conjunto hiperbólico de documentos, salvo em casos excepcionais. E estes não devem se tornar o modelo para os projetos mais simples, a imensa maioria.
Outro aspecto a considerar é que a repetição desses documentos e manuais por organizações diferentes, mas à vezes até vinculadas a um mesmo ministério, confunde os projetistas e construtores, pois é visível que existem várias definições ou interpretações conflitantes, dificultando ainda mais a consolidação de boas práticas. Caso contrário corremos o risco da morte do BIM devido a BIM!
Publicação de:
Sergio Leusin
Sócio gerente da GDP - Gerenciamento e Desenvolvimento de Projetos Ltda
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